Uma das maiores certezas sobre o IMAGO MORTIS é que seus fãs serão sempre surpreendidos. Após a excelente impressão deixada com o clássico “Images From The Shady Gallery” (1998), a banda carioca apresentou o antológico “Vida: The Play Of Change” (2002), primeiro com Alex Voorhees nos vocais, mas sem dois membros fundadores. Em 2006, com o ótimo Transcendental a impressão era de que as portas para um patamar mundial estavam abertas. Ao contrário, veio um hiato de 12 anos, só interrompido em 2018 com o forte “LSD”. Logo depois, em exclusiva para a Roadie Crew, o líder deixou claro que o fim era iminente. Agora, na reta final de 2019, outra surpresa: surge O Mistério da Vida, uma música nova que reúne pela primeira vez Voorhees com a formação original da banda.
A reunião, ainda que à distância, foi motivada pelo lançamento do livro “Diário de Um Imago: Contos e Causos de uma Banda Underground”, escrito por Fábio Shiva, que foi baixista e compositor nos dois primeiros álbuns e na participação do IMAGO MORTIS em William Shakespeare´s Hamlet, o histórico projeto da Diehard Records que uniu vários nomes do Metal nacional em 1998 para um álbum conceitual inspirado na obra de Shakespeare.
Disponível na Amazon e concorrendo ao Prêmio Kindle, o livro conta de modo simples e direto as inúmeras aventuras e percalços que Shiva, Fabrício Barretto (guitarra), Alex Guimarães (teclados), Flavio Duarte (bateria), Tufi Sami (vocais) e Voorhees viveram para escrever seus nomes na história. De linguagem simples e direta, sempre com muito bom humor, o texto flui como se fosse um bate-papo em mesa de bar, com amigos resgatando ótimas memórias. E você nem precisa ser fã de música pesada para aproveitar a saga. “Queríamos fazer algo retratando mesmo como era, com situações que todo mundo que teve banda viveu”, conta Shiva.
De acordo com ele, o reencontro aconteceu por causa do livro. As facilidades da tecnologia moderna reuniram em um grupo de WhatsApp os músicos e a manager Janna Souza. “Em pouco tempo parecia que não estávamos há anos sem contato. Foi muito gratificante”, explica o baixista que agora também é escritor. Além do resgate em si, a obra ainda mostra as profundas mudanças tecnológicas e sociais que aconteceram nas duas últimas décadas. Se as primeiras gravações foram realizadas em fita cassete, a gravação da nova e inesperada faixa é marcada pelo fator geográfico, já que Voorhees vive no Rio Grande do Sul, Shiva e Barreto na Bahia, Sami e Duarte no Rio de Janeiro e Guimarães no Caribe.
Chega emocionar o dueto entre Tufi, cuja suave voz marcou a primeira demo, “Réquiem” (1995), com o timbre vigoroso e marcante de Voorhees. E o som? Doom Metal como não poderia deixar de ser. Lento, pesado e cativante, com a temática que só o IMAGO MORTIS consegue construir com maestria no Brasil. Questionado se há esperanças de mais um capítulo na saga imagomortiniana, agora com esse line up que nem o mais apaixonado dos fãs jamais sonhou, o herdeiro desse grande ícone do Metal brasileiro afirma achar que não, já que todos moram muito distantes uns dos outros. “Mas nunca se sabe”, provoca Voorhees, que ao entrar para a banda ainda atendia por Dumal, seu apelido dos tempos de outra histórica banda carioca, o Dust From Misery. Shiva, no entanto, não faz charme e cita que é uma possibilidade. “Ficamos muito emocionados gravando essa música. Sem contar que rolou Tufi e Dumal cantando juntos, algo que nunca havíamos imaginado”, conclui. Se o IMAGO MORTIS nos fará uma nova surpresa só tempo nos dirá. O fato é que vale a pena aguardar.
Se você gosta de IMAGO MORTIS, sinta-se intimado a ouvir a música no link: youtu.be/1o8wDrhA0NU e compre o livro, disponível em: amazon.com.br/dp/B07Z5CBTQ3. Nunca prestou atenção no grupo antes? Corrija essa atitude e faça o mesmo. Ouça e leia.
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