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1 de jun. de 2012

Desabafo de Carlos Lopes no Facebook sobre o retorno da Dorsal



 Para bom entendedor meia palavra basta, mas até isso pode ser mal interpretado. Quando detalho o que falo nas entrevistas, para que haja clareza, os que não conseguem entender com poucas palavras, também não entenderão com muitas.

A questão do novo CD da Dorsal não é uma ação individual, é coletiva, fruto de um desejo coletivo, não de uma ambição pessoal. Eu abri mão da minha vontade de não escrever mais para o estilo metal ou hardcore, somente pelos fãs. Sou um dos criadores do metal e da junção punk mtel, metal core, o que seja na América do Sul, está no meu DNA, eu posso fazer isos quantas vzees quiser, pois é parte de mim, não preciso fazer força para compor, então qual seria o problema, oq eu impediria os fãs de terem esse CD.

Verba.

Nós não temos verba para investir no disco mesmo, temos que ralar para viver como todo mundo. Não há diferença entre nós e o público, todos somos operários, a diferença é que nós podemos construir algo juntos além das nossas peles, dos sotaques e das classes sociais: podemos ser UM. Essa é a causa primordial deste CD: sermos uma força coletiva em nome da arte.
1 – CD e show é o emprego do artista. A gravadora não nos paga, todo mundo baixa e a música passa a ser um hobbie. Desculpe gente, se for para ser hobbie estou fora, música consome 24 horas do meu dia, então é labuta. Precisamos comer, ter onde morar, viver. Vamos fazer a seguinte campanha, os que acham que o custo do CD é alto ou os que se acham enganados por favor, nos doem um mês dos seus salários a nível de experiência pscológica. Depois peço que nos doem 30 anos dos seus salários. Muitos falarão isso é loucura. Pois bem, desculpe gente, fomos roubados pelas gravadoras e produtores de shows por 30 anos. Tudo bem, pode baixar o nosso CD...
2 – As gravadoras, quaisquer delas, mesmo as que sejam, até legais, não podem fazer parte deste pacto entre nós e os apoiadores.
3 - Sou careta, católico, espírita, budista, crente, descrente, homossexual, nazista, ateu, conservador, reacionário, integralista, comunista, vermelho, radical. Que outra palavra esqueci? Sou tudo e muito mais, porque sou a liberdade, o livre pensar. Não gasto meu dinheiro com sexo, drogas e rock and roll, isso para mim isso é coisa de alienado exatamente como os playboys que muitos tanto criticam. Falam mal da igreja e amam dogmas, falam mal do governo e adoram ordens... Falem menos e façam algo por suas vidas.
4 – A campanha é ideológica. Não queremos gravadora envolvida nisso. É a ideologia que nós move: o povo unido pelo socialismo. Estamos contra o capitalismo, os capitalistas, os burgueses, os alienados, a corja, essa Elite pútrida que explorou esse país há séculos. Pela primeira vez na história artista e público se dão as mãos para fazer o socialismo. Pela primeira vez não seremos roubados e não roubaremos ninguém (se alguém por aí, perguntar...) pois as contas estão abertas, e serão abertas até o final. Quem aí ainda acha que técnico de gravação e músico não devem ganhar para trabalhar durante dois meses? Se alguém levantar o dedo eu pedirei o seu salário em troca para você sentir como é.
5 – Não vamos fazer disco independente gravado em casa e nem com orçamento decorativo. Não vamos mentir para ficar bem no underground e com a cena. Nós somos a DORSAl, não somos uma banda iniciante, desesperada em alcançar notoriedade. A DORSAL escreveu a história desta país, deste continente. Escrevam as suas novas histórias conosco neste CD, não haverá amanhã, a história é feita na hora, no ato, pelos bravos, não pelos bravios. O orçamento do disco novo da Dorsal é subfaturado, ridículo, quem reclama não tem ideia de nada, são alienados. Um estúdio profissional do Rio e São Paulo custa 100 reais a hora, no mínimo. Vamos gravar durante 10 dias ininterruptos, de manhã à madrugada, façam as contas. 40 mil tirando 40% de taxas paga?
6 – A criação do gênero no Brasil deve muito à DORSAL e muito a mim, como criador, pensador, compositor, desbravador. Voltar a tocar metal não foi uma opção minha, foi um pedido do público. Eu me submeti ao senso comume coletivo, deixei meu invidualismo de lado, deixei minhas vontades de lado. Acatei e coloquei minhas questões de lado, mas essa é a última vez que falarei disso até o fim da campanha. Seja qual for o resultado, estarei satisfeito e em paz.

“Não existe fracasso ou vitória, são devaneios humanos, só há a vida.”
(Carlos Lopes)

"Sabíamos que o mundo não mais seria o mesmo. Algumas pessoas riram, algumas pessoas choraram, a maioria ficou em silêncio. Recordei-me de uma passagem das escrituras hindus, o Bhagavad-Gita. Vishnu está a tentar persuadir Arjuna de que deve fazer o seu dever, e para o impressionar assume a sua forma de quatro braços e diz, "Eu tornei-me a Morte, o destruidor de mundos." Suponho que todos nós pensamos isso, de uma maneira ou de outra."
(Julius Robert Oppenheimer)

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